Atualizado em 13/03/2024.
Sustentada por uma expansão da área cultivada e impulsionada pela busca por maior rentabilidade por parte dos produtores, a safra de algodão 2023/24 no Brasil se desenha com expectativas otimistas, preparando-se para atingir marcos históricos de produção.
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Internacionalmente, o Brasil consolida sua posição como um dos líderes no mercado global de algodão, superando expectativas e estabelecendo novos padrões de produção e exportação.
No entanto, o cenário da cotonicultura brasileira é temperado por desafios climáticos que demandam atenção redobrada ao manejo das lavouras para mitigar possíveis impactos na produtividade.
Confira, a seguir, as projeções para a safra de algodão 2023/24, como está o andamento das operações e o que esperar do clima.
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Expectativas para a safra de algodão 2023/24
As expectativas para a safra de algodão 2023/24 são otimistas, com projeções apontando para uma produção recorde e um aumento expressivo na área cultivada, apesar de uma estimativa de redução na produtividade.
O 6º Levantamento de Safra 2023/24 da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), publicado em março, prevê uma produção de 3,56 milhões de toneladas de pluma, o que representa um marco histórico para a cotonicultura brasileira. Esse cenário é impulsionado por um crescimento de 16,3% na área de plantio em relação à safra 2022/23, totalizando uma área estimada de 1.935,6 mil hectares.
No entanto, a produtividade é projetada para ser 3,6% inferior à safra anterior, devido a fatores como o fenômeno El Niño, que já impactou o ciclo da soja com chuvas irregulares e pode afetar o rendimento da pluma.
O incremento na área cultivada é atribuído, em grande parte, ao Estado do Mato Grosso – principal produtor da fibra no país –, contribuindo com cerca de 70% da produção nacional e alcançando 1,37 milhão de hectares.
Essa ampliação é justificada pela maior rentabilidade da fibra em comparação ao milho e pela redução nos custos de produção, além de uma janela de plantio mais adequada ao algodão em comparação à soja em algumas regiões. As condições climáticas adversas entre outubro e novembro, com escassez de chuvas, levaram à reconfiguração das áreas de plantio, com uma redução na área destinada à soja e, consequentemente, um aumento no cultivo de algodão.
Além do Mato Grosso, o Estado do Piauí também se destaca com uma expectativa de aumento de 30% na área plantada. Essa expansão é parte de uma tendência mais ampla de reorganização no plantio devido a incertezas com a soja, levando muitos produtores a antecipar o plantio da pluma ou substituir por outras culturas de segunda safra, como o milho.
Cenário internacional
O cenário internacional da produção de algodão para a safra 2023/24 mostra um mercado dinâmico, com ajustes nas estimativas de produção, consumo e exportação em diversos países. Nesse contexto, o Brasil emerge como um protagonista, alcançando marcos significativos que destacam sua importância crescente no mercado global de algodão.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no âmbito mundial, a produção de algodão foi ligeiramente reduzida para 112,82 milhões de fardos, refletindo ajustes na produção em vários países produtores. Apesar dessa redução, o Brasil destaca-se por sua performance positiva, contrastando com quedas projetadas em outros grandes produtores como Austrália, Turquia, EUA, China e Índia.
A produção de algodão dos Estados Unidos para a safra 2023/24 foi mantida em 12,43 milhões de fardos, com uma pequena redução nos estoques finais para 2,80 milhões de fardos. Esses números refletem um cenário de estabilidade na produção norte-americana de algodão.
Em contraste, a safra brasileira de algodão para o mesmo período foi mantida em 14,56 milhões de fardos, com um aumento nos estoques para 5,84 milhões de fardos e expectativa de exportações de 11,20 milhões de fardos. Esses dados indicam não apenas uma produção robusta, mas também uma posição forte do Brasil como um exportador chave no mercado global.
O relatório do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC) complementa essa visão, projetando uma produção global de 24,56 milhões de toneladas para a safra 2023/24, uma leve queda em relação à safra anterior.
Notavelmente, o Brasil é apontado com uma expectativa de crescimento de 9% em sua produção, alcançando 3,3 milhões de toneladas, o que o coloca na terceira posição entre os maiores produtores mundiais, superando pela primeira vez a produção americana.
Essa ascensão do Brasil no cenário internacional do algodão é impulsionada por vários fatores, incluindo investimentos em tecnologia, expansão da área cultivada e práticas agrícolas eficientes, que juntos têm contribuído para aumentos na produtividade e na qualidade da fibra produzida.
Além disso, o país tem se beneficiado de condições climáticas favoráveis em suas principais regiões produtoras, bem como de uma estratégia eficaz de comercialização que tem fortalecido sua presença nos mercados internacionais.
Panorama das lavouras de algodão nas regiões produtoras
Com o plantio em Goiás encaminhando-se para o fim, 99,9% das lavouras de algodão brasileiras encontram-se semeadas e o panorama da safra de algodão 2023/24 é favorável em diversas regiões produtoras.
Fonte: Acompanhamento das lavouras – Conab – 11/03/2024.
Apesar dos desafios impostos pelas variações climáticas e pela incidência de pragas, em especial o bicudo, as lavouras, de modo geral, estão desenvolvendo-se bem, com cerca de 48% em estádio vegetativo, 30% em floração e pouco mais de 22% já em formação de maçãs.
Fonte: Acompanhamento das lavouras – Conab – 11/03/2024.
Confira abaixo, em maiores detalhes, o andamento da safra nos principais Estados produtores.
Mato Grosso (MT)
No Mato Grosso, as condições climáticas têm favorecido o bom desenvolvimento do algodoeiro e a realização de tratos culturais.
As lavouras em fase de floração necessitam de um manejo fitossanitário bem controlado para bicudo-do-algodoeiro e percevejos, exigindo atenção especial.
Bahia (BA)
A Bahia viu um aumento na área cultivada devido aos bons resultados da safra anterior e às expectativas positivas do mercado internacional, com migração parcial do cultivo para áreas irrigadas, ainda em reta final de plantio.
As chuvas favoreceram as lavouras de sequeiro, que estão desenvolvendo-se bem, no entanto, há expectativa de chuva abaixo da média para o restante do ciclo, que deve refletir em redução da produtividade da cultura em relação à safra passada. As lavouras expostas ao estresse hídrico têm apresentado florescimento precoce.
Goiás (GO)
A semeadura encaminha-se para o fim com um incremento na área cultivada, e as lavouras estabelecidas estão em estágios de desenvolvimento vegetativo e floração com boa sanidade. A alternância de dias chuvosos e ensolarados tem sido benéfica para a cultura.
As operações fitossanitárias e de monitoramento do bicudo são constantes.
Mato Grosso do Sul (MS)
No Mato Grosso do Sul, as lavouras apresentam bom desenvolvimento, uniformidade de estande e de altura das plantas, que encontram-se iniciando a fase reprodutiva.
Em relação às pragas, observou-se alta incidência de tripes e reinfestações de mosca-branca que migraram de áreas de soja, exigindo pulverizações semanais com inseticidas.
Maranhão (MA)
No Maranhão, as lavouras estão em boas condições de desenvolvimento. Na região de Gerais de Balsas, as áreas de primeira safra já apresentam botões florais. O plantio da segunda safra foi finalizado e as lavouras estão em estádio vegetativo.
Outros Estados
Nos Estados de Piauí, Minas Gerais e São Paulo, as lavouras também encontram-se em bom desenvolvimento, com áreas predominantemente em estádio vegetativo, floração e formação de maçãs, respectivamente.
Questão climática e possíveis impactos no manejo
Após uma safra de soja difícil, com condições climáticas que proporcionaram desafios como o surto de mosca-branca em regiões que também produzem algodão, o cotonicultor precisa ficar atento ao clima e observar possíveis migrações da praga entre as lavouras.
A previsão climática para o final do verão 2023/24 indica uma probabilidade de mais de 90% de continuação das condições de El Niño, com enfraquecimento gradual do fenômeno e transição para condições neutras previstos para o período de abril a junho de 2024.
No Brasil, o prognóstico para os meses de fevereiro a abril de 2024 aponta para chuvas dentro ou abaixo da média nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, mas acima da média no nordeste do Mato Grosso, oeste do Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo. Nessas regiões, é necessário ter atenção à ocorrência de doenças.
Apesar das chuvas irregulares, espera-se que os níveis de água no solo se mantenham favoráveis. Além disso, a temperatura deve permanecer acima da média climatológica em quase todo o país, com valores médios superiores a 26 °C, especialmente no Centro e no Norte do Brasil.
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